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O quinto seminário, ocorrido em Brasília de 06 a 08 de dezembro de 2023, teve como tema:

V SEMINÁRIO AEAULP | “PROXIMIDADES DISTANTES“

O mote que a Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa propõe para o V Seminário é o adjetivar as relações que mantiveram as pessoas próximas, que se refletiu não só no capital humano, mas também no capital da estrutura da cidade. Pretendemos reativar estas relações. Reconquistar as que se perderam, solidificar as que se mantiveram e exaltar as que se construíram de novo e ainda mantêm. Proximidades distantes é a antonímia que tenta tornar real essas experiências. Procura dar voz a uma ‘língua que todos habitamos’ e na qual todos estes pensamentos de proximidade e afastamento, de ciência e de vox populis se manifestam. É importante restabelecer os laços que ficaram adormecidos, mas também partilhar esta nossa experiência enquanto organismo social, enquanto comunidade.

Em tempos de maior turbulência e incerteza nas sociedades contemporâneas como a que vivemos, uma primeira questão assola o nosso pensamento: O que significa ser humano em tempos como estes? Perante esta incerteza, um dos primeiros impulsos será o de procurar na história respaldo para os acontecimentos. Tentamos, assim, desenhar ligações estreitas entre passado e presente, de modo a percebermos como poderemos persistir no futuro, para entendermos, no íntimo, o que significa a vida em tempos de crise. Na sociedade contemporânea, o fluxo de informação pode ser usado como controlo dessa mesma sociedade ou como ferramenta unificadora do indivíduo para com o plural. Cabe, não só mas também, à sociedade académica criar laços operativos e escrutinar a informação, para que o sujeito seja conhecedor do seu passado real, tenha perfeito entendimento do seu presente e consiga exercer domínio sobre o seu futuro. A humanidade não funciona enquanto entidade singular num mundo cada vez mais plural. Espelho disso foi o recente estado pandémico a que assistimos globalmente enquanto sociedade moderna. Os elos de ligação entre indivíduos eram, até então, dados adquiridos, como que layers cumulativos e associativos do que entendíamos enquanto comunidade.  Repentinamente, esses direitos constitutivos da nossa conquista moderna foram-nos retirados. Após a primeira onde de choque, o que nos manteve unidos dentro de casa foi a capacidade intrínseca de nos mantermos próximos, embora fisicamente separados, por grandes ou pequenas distâncias. 

 

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O quarto seminário, realizou-se em Belo Horizonte, de 25 a 28 de Abril de 2017 teve como tema:

IV SEMINÁRIO AEAULP “A LÍNGUA QUE HABITAMOS”

 

 

 

 

A quarta edição do Seminário Internacional da Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa foca sua temática na importância da Arquitetura, do Urbanismo e do Design como Expressão Cultural, entendendo o fazer arquitetónico, urbano e de design como uma síntese da técnica e manifestação das culturas que, a um só tempo, traz respostas às exigências dessas culturas e contribui para sua renovação. À dimensão cultural e à língua comum, também se associam investigações sobre a Arquitetura, o Urbanismo e o Design em contexto expressivo, bem como os elos entre as realidades arquitetónicas, urbanas e o design e as diversidades no mundo lusófono. Ao explorar esta temática geral, o Seminário celebra nossas raízes comuns e os desdobramentos que nelas ocorreram, ao longo do tempo, nos diferentes países e regiões, nomeadamente os de Língua Portuguesa. O momento cultural em que vivemos é marcado por uma sobrevalorização da nossa dimensão individual e por um apagamento insistente da nossa dimensão coletiva.

À resistência contemporânea ao reconhecimento de nós próprios, para além da dimensão individual, corresponde também uma resistência ao reconhecimento de outros tempos na construção da contemporaneidade e, mesmo no ocaso do espírito moderno e num momento em que a moral mais difusa levanta inúmeros obstáculos à transformação do mundo pela obra do Homem, a dimensão da novidade continua a fazer esquecer quanto dessa novidade é feita de continuidade e a forma como o nosso tempo, o instante de oportunidade das nossas vidas, não é mais que uma estreita junta entre passado e futuro, havendo a possibilidade de preencher coerentemente esse efémero hiato. A ideia de continuidade, no espaço e no tempo, entre a nossa existência individual e a experiência coletiva, está diretamente ligada à ideia de identidade, de património genético, de um viver comum que, de alguma forma, formatou de maneira identitária um modo de viver, um modo de mudar o Mundo, de o descrever, e esses modos permitem um sentido de território independente do sentido de posse, e estabelecido sobretudo pela ideia de comunidade, de partilha de experiências comuns e da existência de instrumentos para descrever e processar essas experiências.

À ideia de reconhecimento, está ligada a estranha sensação que sentimos, quando damos a volta ao Mundo e num lugar onde nunca tínhamos estado antes, subitamente reconhecermos, numa esquina de uma rua, num fragmento de uma conversa, num cheiro, num olhar ou num gesto, os lugares da nossa infância, os almoços de domingo e as pedras da casa em que nascemos. Habitamos espaços e paisagens, mas habitamos também a nossa língua, o universo em que se constroem e viajam as nossas ideias e significados, a narrativa das nossas experiências, a comunicação do que aprendemos, a quem queremos ensinar, estabelecendo a construção coerente da Cultura.

 

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O terceiro seminário, realizou-se em Lisboa, de 14 a 16 de outubro de 2014 e buscava, entre seus objetivos, investigar as relações entre Arquitetura, ambiente e cultura, da seguinte maneira:

III SEMINÁRIO AEAULP “ARQUITETURAS DO MAR, DA TERRA E DO AR A ARQUITETURA E URBANISMO NA GEOGRAFIA E NA CULTURA”

 

 

 

 

A Arquitetura é a marca definitiva da ação do homem sobre o ambiente. Ela torna-se, sem dúvida, o recetáculo privilegiado de um tempo significativo: como memória viva das culturas que a produziram, celebra os acontecimentos e as instituições importantes e, ao mesmo tempo, traduz uma visão do cosmos que impõe ao espaço indiferenciado a ordem humana traduzida por um modo específico de estar e de ser. Essa é a maneira do espaço do homem se diferenciar do espaço "natural". Mas, se a Arquitetura fornece ao homem lugares de residência que definem um habitat artificial, um ambiente humanizado que serve de palco à sua vida quotidiana, é certamente na expressão arquitetónica de uma região ou de um modo de construir ligado a uma economia que poderemos distinguir as suas manifestações mais genuínas.

E, assim, essa manifestação, que surge sempre vinculada a um espaço real e àquelas condições de sobrevivência dependendo sobretudo de uma apropriação cultural desse espaço, torna-se o testemunho vivo de uma maneira de estar no mundo específica.

Por tudo isto, justificar-se-á sempre olharmos detidamente para as “arquiteturas do mar”, como resultado de uma fixação ribeirinha, as “arquiteturas da terra”, como origem de toda a atividade construtiva e as “arquiteturas do ar”, como sonho babélico da  ação humana.

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O segundo seminário, realizou-se em Lisboa, de 5 a 7 de outubro de 2012 teve como tema:

II SEMINÁRIO AEAULP “PALCOS DA ARQUITETURA”

 

 

 

 

Arquitetura e representação, entendendo esta última na sua aceção mais lata, isto é, como um modo de tornar presente o que está ausente, surgem, como conceitos, mutuamente implicadas. Não é raro, aliás considerarmos que a arquitetura, em certos aspetos, não é muito mais que isso: pura representação. Porquê? Porque o espaço que ela inaugura se desenvolve sobretudo no plano simbólico: a interioridade e a exterioridade separadas por fronteiras com significância. A Arquitectura não será jamais ser o simples invólucro de espaços destinados a atividades. A Arquitectura qualifica as atividades que no espaço por ela definida se desenvolvem e confere estatuto aos seus habitantes. Trata-se, assim e em primeiro lugar, de encarar aquilo que a arquitetura quer dizer. Por aqui, a arquitetura exibe e exibe-se através de formas significantes. Não é verdade que é, desde o momento em que o espaço enquanto forma reenvia para qualquer coisa diferente desse mesmo espaço, como extensão, por exemplo, que consideraremos as significações da arquitetura? Desta forma, o espaço só adquire espessura semântica quando se torna algo diferente dele mesmo, sobretudo para quem o vivencia. E a Arquitectura transforma-se, então e antes do mais, numa espécie de veículo. De resto, o próprio ato de habitar humano implica um processo deste tipo. É isso, aliás, que dá à Arquitectura o poder de qualificar o espaço. Não será, assim, estranho, que dediquemos alguma reflexão ao facto de a arquitetura, como toda a representação, exigir sempre um palco. Esse é o tema de Palcos da Arquitectura.

 

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O primeiro seminário ocorrido em Lisboa, de 19 a 23 de Abril de 2010 teve como tema:

I SEMINÁRIO AEAULP “UMA UTOPIA SUSTENTÁVEL ARQUITETURA E URBANISMO NO ESPAÇO LUSÓFONO: QUE FUTURO?”

A ideia de organizar um Seminário cujo tema central é a Utopia não pode considerar-se original. No último meio século, têm-se multiplicado as iniciativas onde se promove a reflexão sobre este tema, congéneres ou concomitantes. E isso deve-se, talvez, ao facto de, a partir da segunda metade do século XX, se ter finalmente constatado que o pôr em práticas das ideias que podemos considerar “utópicas” não resultou em nenhum caso. É, de resto, natural que algo que existe através da abstração do espaço e do tempo, isto é, do aqui e do agora não seja jamais possível, exatamente, no aqui e no agora.

É verdade que há um substrato messiânico, redentor, portanto, das sociedades e da sua História que tem exercido atração sobre o homem em todas as épocas. A questão da ordem, que deve substituir o caos e erradicar os seus resultados aparentes, a saber -  a injustiça, a desarmonia, a infelicidade, a insegurança, a guerra, a arbitrariedade e, de um modo geral, a irracionalidade, é também central em toda a ideia utópica. E é aqui que a imaginação se torna num motor do “projeto utópico”. No entanto, essa imaginação traz consigo uma armadilha: o ser isso mesmo, um produto da mente e do desejo, que, numa tentativa de reordenar aquilo que existe, propõe algo que não existe, que não pertence a lugar nenhum, que nega a História e que, por consequência, recusa muitas vezes a própria condição humana. Essa é talvez a razão por que todas as estratégias de impor a ordem utópica pressupõem sempre um qualquer autoritarismo e, por esse motivo, qualquer utopia, mesmo apenas como sonho, só ganha legitimidade quando for no sentido mais amplo do temo, sustentável. Não só em relação ao ambiente, à economia ou à própria politica, mas também aquilo a que chamamos Humanidade (como qualidade do ser humano), que comporta sempre imperfeições, contradições, irracionalidades e sobretudo sentimentos.

Utopias que não sejam “amáveis”, são más utopias, são, como hoje em dia se diz, distopias. Será assim razoável e justo que o mundo lusófono aspire a pensar o futuro, tendo em conta tudo isto. Foi esse o desafio que lançámos a todos os que refletem sobre o ambiente construído nos países de língua portuguesa – escolas, investigadores, profissionais e estudantes.